Dia 21, de não sei quantos...

Astorga - Foncebadón: 26,2 km

Uma das vantagens de acordar cedo, é ter a cidade so para mim. Ontem, quando vim ver tanto a catedral como o palacete Gaudí, estava um vento forte e frio. Muitos dos turistas correram para tirar as fotografias antes da chuva, que chegou pouco depois. Hoje, o céu estava limpo e não tinha ninguém na rua. Eram 7h30.

A minha esperança era que a rota de hoje pudesse ser um pouco mais longe das estradas e autoestradas. E fui atendido. Muito embora o caminho tenha sido uma subida contínua - Astorga está a pouco menos de 900 metros de altitude e Foncebadón está a 1437 metros - foi uma das que mais gostei, mesmo com as bolhas. Sobre isso, a troca de meias foi uma boa ideia. Espero que ajude, daqui até o fim.

Voltamos ao campo, verde, fresco, com barulho de pássaros, cachorros e vacas. Em grande parte da caminhada, tinha uma trilha para caminhar e um para as bicicletas. Isso facilita muito a vida de todo o mundo. 

De vez em quando, a caminhada era agradavelmente interrompida por pequenas aldeias com cafés, bares ou albergues para reabastecimento ou pausas.

Na saída desta aldeia, conheci o Bill, estadounidense, ex-executivo de uma empresa que trabalhava no rastreio pré-natal de HIV. Tem 59 anos e também está "in between something".

O tempo ajudou, durante toda a etapa, felizmente. Em outras partes da Espanha, as chuvas estão fazendo estragos surreais. Aqui, as nuvens nos protegem de um sol impiedoso. E quando o sol abria um pouco, aparecia uma pequena floresta para nos refrescar.

Essa era a minha parte preferida, mesmo quando era subida e cheia de pedras. Definitivamente a meseta não foi meu prato. Podem ficar com ela ou elas.

Em algum momento da caminhada, reconheci a Akiko e o Hiroshi e fizemos o resto do caminho juntos, até Rabanal del Camino, onde eles iam ficar.

Durante o tempo que levamos até chegar a Rabanal, conversarmos sobre tanta coisa, eles curiosos do Brasil, Guiné, Portugal, etc, eu tentando entender como era e é a vida deles, a culinária, tanta coisa que eles contaram e que eu gostaria de experimentar. Eles falaram que tenho de experimentar sushi de polvo fresco, ainda se mexendo, como já vi em vários filme japoneses e coreanos. Tenho mesmo de ir conhecer o Japão!

Despedimo-nos, por hoje, com uma cerveja gelada, eu lhes prometi que quando fosse ao Japão, entraria em contato. 

E segui para meu destino do dia, Foncebadón, 6 km na frente. E que 6 km subindo deliciosos, foram. Sério. Acho que eu estava precisando desse esforço físico, nessas condições, ate chegar ao topo. E sempre, aqui e ali, uma vista maravilhosa. Vejam.

241 km até Santiago de Compostela…

Pedras, pedras e mais pedras…

Pequenos oásis para descansar…

Sim, lama também… com pedras. Claro. Sempre.

E subindo. Obviamente.

Mas esta vista, gente. Esta vista…

E eu estava sozinho durante todo esse pedaço. E não coloquei os fones, porque achei que eles iam me impedir de aproveitar cada…tudo…que esse momento me estava a dar. E foi uma das melhores escolhas que fiz. Nesse instante, estar aqui fez todo o sentido, coisa que eu não tenho sentido nos últimos dias. Senti que esta etapa foi revigorante.

E depois, Foncebadón, no horizonte.

Na entrada da aldeia, restos de casas, do lado direito. Sempre estranho imaginar o que é feito dessas pessoas, dessas famílias, hoje. Espero que estejam bem, em algum lugar.

Acima, a vista da janela do meu quarto.

A minha confusão organizada.

A vista, da janela do 2o piso do hostel.

E as últimas imagens, antes da chuva acabar com a festa.

Xixi, cama.

Paz!

Comentários

  1. Etapa muito interessante, bons encontros, belas paisagens e muitas reflexões. Keep walking. Buen Camiño.

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  2. Tudo muito simples e profundo. Me sinto aí com você. Acho graça do humor peculiar e me emociono com as reflexões. Obg 🙏🥰

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