Dia 18, de não sei quantos...

Villamarco - León: 31 km

O dia começou assim na saída da aldeia fantasma de Villamarco.

A exposição e as obras apresentadas ao ar livre aumentavam o ar surreal do lugar. Horas depois explicaram-me que esta é uma das regiões da Espanha, que é, hoje, conhecida como a "España vaciada". A população mais jovem, desde meados do século passado, se mudou para as grandes cidades em busca de emprego e melhores oportunidades. As casas continuam mantidas, porque muitas vezes as pessoas voltam nos fins de semana ou feriados prolongados. Mas não deixa de ser surreal ver parquinhos e praças perfeitamente mantidas, mas totalmente vazias. Tem um não-sei-quê de Chernobyl, depois do acidente mortal. 

Peguei a estrada em direção à Reliegos, que era onde eu queria ter chegado ontem, mas os pés não me deixaram. Em Reliegos, tomei um café da manhã rápido - já era tarde para os albergues que tinham peregrinos saindo às 7 da matina - e segui em direção a Mansilla de las Mulas (mansão das mulas? Maçã das mulas?).

De lá, rumo a Vilamoros.

Aqui, pedaço de história muito interessante: as colinas, no lado direito desta foto, abrigavam uma cidade romana chamada Lancia. Eu não tinha tempo de parar e ir ver, mas fiquei com muita vontade de voltar e conhecer com calma.

Talvez consigam fazer um zoom na foto e ver uns buracos esculpidos na pedra, eram, entre outras coisas, banhos termais que parecem estar muito bem conservados. Fica para uma próxima oportunidade.

Atravessei a aldeia e parei neste cantinho de descanso, para beber um suco, comer uma batata frita e conversar com a dona, sobre um pouco da história da região. Foi ela que me explicou a história da "España vaciada", entre outras coisas.

Em Puente Villarente, tem esta ponte romana do século XI, se não me engano. Mais para a frente, voltamos à uma paisagem levemente rural, mas moderna, como podem ver pela forma como a mercadoria é embalada diretamente no campo.

Imagina o maquinário que faz essas obras de arte, que devem ser recolhidas por outras máquinas, para armazenar ou transportar. E mais na frente, nessa mesma cidade…mais um parquinho abandonado.

Nesse misto de cidade e campo, fui chegando em León, que, embora visse de longe, demorava a chegar.

Até que, enfim, passei pelas muralhas que representavam os limites da cidade antiga.

Meus pés latejavam de dor, obviamente. Sempre acontece isso no último km e hoje não foi diferente. E finalmente cheguei no albergue, no centro. Banho e rua, em busca de almoço. Eram quase 16h. Depois do almoço, deitei. 1 horinha de sono faz um bem doido. Depois saí para conhecer um pouquinho do centro de León. 

Ao dobrar uma esquina, dei com este largo que me pareceu familiar. Liguei para a esposa e ela confirmou que esse foi o hotel onde me encontrei com ele, quando eles fizeram o Caminho inteiro de bicicleta. Eu encontrei com eles aqui mesmo e seguimos, no dia seguinte, cedo, em direção a Santiago. Quantas boas lembranças daquela viagem! Imagino que daqui para a frente, devo encontrar vários pontos familiares.

Como não tive oportunidade de ver a cidade da outra vez, aqui estou eu, tentando não incomodar o Gaudí, enquanto ele desenha o palacete.

E, não podia deixar de ver a linda catedral de León, claro.

Hoje é sábado, então a cidade está cheia de gente, luz, vibrante. E o lugar é lindo, pelo menos esta parte do centro mais antigo. Pena que eu tenho de deitar cedo, para poder descansar para a caminhada de amanhã. Acho que a Espanha merece uma visita de turismo, sem dúvida. Outro tipo de turismo.

Passei no supermercado, comprei o que precisava para amanhã, assim como meu jantar rápido de hoje.

Voltei para o quarto, conheci o Felix, jovem alemão que vem caminhando com calma,  desde 3 de maio, devido a um problema de ligamento no joelho. Corredor, se prepara para correr a primeira meia maratona, junto com o pai. Por agora, vai até Santiago e depois para uma praia algures na costa atlântica espanhola. Deve ter seus 24 anos, pouco mais do que eu tinha, quando me falaram do Caminho de Santiago, pela primeira vez. Demorei, mas estou aqui. Tudo em seu tempo…

Xixi, cama!

Paz!

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