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Sabes o que mais me incomoda?

Contextualização rápida, para quem ler isto sem saber do que se trata: a situação política no Brasil está numa encruzilhada assustadora. Um esquema de corrupção duradouro, uma crise econômica, uma polarização popular extremamente agressiva (chamam aqui de Fla-Flu político, como referência à rivalidade esportiva entre o Flamengo e o Fluminense) e uma coisa chamada Internet e redes “sociais”, que é como tentar apagar fogo com gasolina. E vamos então a isto. Sabes o que mais me incomoda? É a polarização política nos ter levado a ter medo de discutir para evitar o conflito. É eu evitar assuntos com família, amigos, colegas, só para evitar o desgaste do debate. É eu me ver entrincheirado. É eu me observar, quase como uma experiência fora do corpo, e ver que aqui e ali, eu reconheço que o outro lado tem um bom argumento ao qual vou, no calor da discussão, ser surdo. E saber que, quando eu tiver razão em alguma coisa, o outro lado também não me vai ouvir, mesmo se eu sei que ele conc

Mais educação, por favor...

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O momento social e político do Brasil e do mundo como um todo, parece mostrar que chegamos a um novo período de tensão pré-revolução, pré mudança de paradigmas. A história mostra que esses momentos são quase sempre dolorosos e violentos, mas que são seguidos por grandes saltos de evolução para a humanidade como um todo. É um facto. Foi assim na revolução francesa, russa, cubana, chinesa, as guerras mundiais, nas “primaveras” estudantis, as diversas conjurações, etc. O nosso instinto de proteção nos faz ter pavor desses momentos – como não ter medo, não é? Mas a verdade é que é difícil evolução sem dor, não existe crescimento sem ossos e músculos que se reajustam, que se recolocam. É da nossa natureza, me parece que faz tanto sentido lutar contra isso, quanto lutar contra a influência da lua nas as marés.  É difícil, mas não é impossível. O homem já foi à lua, já desviou rios e alterou correntes. Já erradicou doenças e inventou o avião. Já identificou o seu próprio genoma, se c

Uma viagem e tanto: Parte 4 | Quando tudo fez sentido...

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O tempo passa e a memória pode me falhar. É o preço de não ter escrito este epílogo logo que cheguei. Mas vamos lá, com a ajuda dos vídeos e fotografias, talvez consiga retratar os sentimentos daquele dia. Ao chegar no estádio, senti-me como quando tinha 16 anos e tinha ido a Roland Garros, ver o meu ídolo daquela época, Ivan Lendl, jogar no central. Arrepios. Naquela hora, o meu plano era tentar ver os restantes jogos de oitavas de final. Djokovic já tinha derrotado David Goffin, Wawrinka tinha tirado o Karlovic, Dolgopolov tinha eliminado o Janowicz e o Berdych já tinha ganho do Robredo. Ainda podia apanhar um pouco de Gasquet/Cilic na quadra 1 (seguido de Dimitrov/Murray), antes de ver Nadal/Lopez na quadra central, seguido da razão da minha viagem: Federer/Anderson. Quando entrei, na quadra 1 estava a terminar o jogo da Ana Ivanovic contra a Sloane Stevens. A Ana ganhou. Primeira observação: como as pessoas parecem menores na televisão! As duas meninas são altas. A