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Mostrando postagens de junho, 2011

Pai, aquela guerra permanente...

Tão longe quanto a memória me leva, não encontro um momento de relação pacífica com o meu pai. Quando era pequeno lembro-me de surras indescritíveis pelos motivos mais absurdos, lembro-me da autoridade, lembro-me de momentos de descontração em que ele se tornava o narrador/ator de histórias da sua juventude, todas elas mais divertidas umas que as outras, lembro-me da autoridade implacável, mais baseada na violência física do que no respeito (pelo menos hoje é essa a leitura que tenho). E essa autoridade persegue-me, colada à pele, em cada momento do meu relacionamento com o meu filho. Eu que sempre apregoo o “não ter medo” fico apavorado com a ideia de cometer com o Milan os mesmos erros que acho que ele cometeu comigo. E é uma merda viver com esse fantasma. Continuando... O tempo foi passando, o casamento dos meus pais foi se desmoronando, ele foi se envolvendo com álcool (que ele não agüenta) e jogos, eu fui crescendo, o confronto foi deixando de ser pai/filho para ser homem/h

Sobre a queda do muro...

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Não é meu hábito ver filmes de realizadores desconhecidos, e muito menos filmes portugueses (de Portugal ou do Brasil), alemães, espanhóis, etc. E até mesmo o cinema Francês sofre com esse meu preconceito. Eu sei. É um preconceito mesmo. É preconceito porque nas raríssimas vezes que o fiz saí da sala de cinema com a agradável sensação de ter descoberto mais um pouco do mundo que me rodeia. E consequentemente de mim mesmo. Foi assim quando vi O tempo dos ciganos e o Arizona Dream do Kusturica , foi assim quando descobri o fabuloso 21 gramas do Iñárritu (gostos não se discutem. Prefiro de longe o 21 gramas a qualquer um dos outros que ele fez, antes e depois...), o Cidade de Deus do Meirelles , o Labirinto do Fauno do Guillermo Del Toro , o Métisse de Kassovitz , até mesmo o Reservoir Dogs do Tarantino , quando ele ainda era desconhecido e antes da fama lhe subir à cabeça. Há uns anos atrás fui ver o Das Leben der Anderen (A vida dos outros) de um realizador desconhecido chamado

Cortesia...na vida real

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Entrei no ônibus com a mochila pesada com o computador e papelada. Todos os lugares estão ocupados. Com os fones no ouvido e música de qualidade loud as fuck , dirijo-me para o fundo onde fico de pé ao lado de dois jovens com cara de quase 30, que discutem alegremente o dia. Nesse instante entram duas meninas, uma com cara de quase 30 e outra talvez um pouco mais velha, 30 e poucos, ambas lindas. As duas carregam uma minuscula bolsa de mão. Mal elas chegam perto de mim os dois cavalheiros estendem sincronizadamente os braços em sinal de "quer que eu carregue a sua bolsa?" (sim, aqui no Brasil é assim. Quem está sentado normalmente oferece-se para carregar o peso de quem está de pé. Nunca vi isso em nenhum outro lugar por onde passei). O gesto deles pareceu ensaiado. E eu pensei "que simpáticos" e continuei na minha. As duas meninas acharam piada ao gesto e uma delas aceitou o convite. Ela entregou a bolsa com um sorriso irônico no olhar que dizia algo como "vou

Eu...mas sem mim...

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De há uns anos para cá que tenho tido problemas de azias. Sempre atribui isso à mudança na minha alimentação e pensava que cedo ou tarde passaria. Até que na semana passada a dor se atingiu o limite do suportável, sensação se que o peito inteiro estava em chamas do lado de dentro, acidez na garganta, the whole sh-bang ! Fui parar nas urgências para ver se me davam alguma coisa. Depois de duas horas de espera fui chamado no momento em que a dor já tinha quase desaparecido. O médico disse que podia ser uma gastrite e aconselhou-me a ir ver um especialista. Cool . 2 horas para isso. Fui ver o dito especialista que me passou uma série de exames, entre os quais uma bela de uma endoscopia. Primeira vez. Ontem, segunda-feira, foi o dia da dita cuja. O meu irmão me acompanhou e me avisou que eu ia passar o melhor tempo da minha vida. Ok. Conhecendo o animal, veio um sorriso aos lábios. Cheguei lá, tirei relógio, carteira etc. e deitei-me na maca todo vestido, de lado. Uma das duas enfermeiras