Dia 15, de não sei quantos...

Frómista - Carrión de los Condes: 19,95 km

Fiz as contas e já andei 398,7 km, desde Saint Jean Pied de Port e, segundo o Gronze - site espanhol que me tem ajudado com a organização e planejamento - ainda faltam 411,4. Ou seja, o Caminho francês teria cerca de 810,1 km. Descontando meus desvios, aqui e ali, acho que 805 km é um bom número. Como estou em Carrión, amanhã, no km 6,35 estarei exatamente no meio do Caminho.

Acordei às 7h, hoje. A etapa é a mais curta que fiz até agora. 20 km. Não posso considerar esticar mais, porque o ponto de apoio/cidade seguinte fica 17 km depois de Carrión.

Ali Frómista, no fundo. Não gostei muito do lugar. Achei estranho. Talvez por isso não dormi bem, mesmo tendo um quarto e banheiro so para mim. Estou com uma herpes labial que não passa ha dias, e suores noturnos incompreensíveis. Enfim, vambora!

O pedaço de hoje foi bem chato. Talvez por isso seja bom aproveitar para descansar. É engraçado como tenho uma resistência a chegar cedo num lugar e ficar. Um lugar que não seja uma cidade média para grande, claro. Aconteceu isso em Larrasoaña, também. Vem o pensamento "que raios vou fazer aqui, das duas da tarde até dormir?". Mas me adiantei. 

Fora esta ponte, uma das raras quebras na paisagem, a caminhada foi basicamente uma linha reta, em paralelo com a estrada local.

Duas vezes o Caminho atravessou uma aldeia, só para garantir que estamos atentos aos sinais.

Fora esses momentos de sobrevivência pura, o momento mais excitante do dia, foi este rebanho de ovelha, num campo de flores vermelhas.

Assim que a pressão sanguínea baixou e o coração voltou ao ritmo normal, voltamos para a programação clássica desta etapa.

E assim foi até chegar a Carrión de los Condes.

A cidade é muito mais bonita que Frómista, organizada, com mais gente na rua - difícil ter menos gente, né? Fiquei no albergue da igreja, mantido pelas irmãs de caridade. Tudo muito limpo e cuidado, mas beliches a 10 cm uns dos outros, um chuveiro por gênero, o esquema é roots, aqui.

Tivemos direito a um pequeno sarau, cada pessoa se apresentou (quem sou, de onde venho, porque está no Caminho) e depois cantamos algumas música. Cantamos, maneira de falar, claro. A única que eu reconheci foi a versão espanhola do "Hallelujah" de Leonard Cohen. Aliás, aproveito para dizer que, embora agnóstico, existem três músicas sobre Deus que me envolvem como um manto confortável, cada vez que as escuto. São "Hallelujah", de Cohen, claro - a versão de Jeff Buckley é absolutamente espantosa, "Have a talk with God", de Stevie Wonder, e o absolutamente magnífico "Se quiser falar com Deus", de Gilberto Gil. Só de escrever a lista, arrepiei. Se não conhecem,escutem. É tipo, "música de fé para pessoas não religiosas".

Depois do sarau, procurei um lugar para jantar, talvez beber uma cervejinha, e me recolher. As portas se fecham às 22h e depois, apesar da caridade, as irmãs nos "expulsam" até as 8h, mais tardar 😀!

Amanhã, destino Terradillos de los Templarios!

Paz!

Comentários

  1. Cadê a foto das ovelhas? fiquei curiosa. :D Cy

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  2. Gostei da foto e da atmosfera da pracinha ❤️

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