Dia 28, de 33!
Melide - A Salceda: 26,3 km
Eu ronco, sem o CPAP. E aqui, obviamente, não trouxe o CPAP. Eu tava pensando cueca, imagina trazer o CPAP. Então imagina a vida de quem dorme no meu dormitório. Hoje, a chinesa da cama do lado saiu as 6h. Meu despertador toca 6h30. Acho que em León, minha vizinha do beliche de baixo fingiu que a garrafa dela caiu no chão e chutou meu beliche. Life on the road.
7h12, pé na estrada. A etapa de hoje seria de cerca de 25 km e nós levaria até um albergue em A Salceda.
Hoje vai ser mais um daqueles relatos com mais fotos que palavras. Amanhã devo chegar em Santiago, então a cabeça está com 1001 pensamentos distintos e distantes, ao mesmo tempo. Bear with me!
Tantas paisagens, tantas memórias, tantas caras que eu tento lembrar e contextualizar… certamente virá com o tempo.
E já sinto saudades de coisas que vivi há pouco mais de 2 ou 3 semanas. Saudades, mas não sinto vontade de reviver. É difícil de explicar. Inclusive tive um ou dois pesadelos que consistiam em acordar no lugar do dia 3 ou 4 da caminhada, ou ainda de sonhar que estava na frente e acordava e estava no mesmo lugar. Tudo isso tem acontecido e é muito difícil traduzir em palavras.
Então ficam algumas imagens, quase todas maravilhosas, mas estranhamente incompletas.
Nesta ponte, pensei seriamente em descalçar os sapatos e colocar os pés na água, mas só de pensar na logística toda, segui reto.
Acho que só faltava fotos de flores aqui, certo? Então aí estão, flores estranhas azuis e amarelas.
A gente vê um pouco de tudo, no Caminho. Uma menina fazia a caminhada com o cachorro dela, há umas semanas atrás. Lembro-me de achar pesado para o bicho.
Esse poodle tinha a vida mais fácil, já que viajava no ombro do dono. Aliás, a única coisa que carregavam era um aparato totalmente dedicado ao bicho, com água, comida, sombra e almofada. Eles eram dos EUA e me perguntaram se eu estava bem e eu respondi que estava menos bem que o cachorro deles.
Yep. 33 km.
Fiz a caminha até A Salceda de uma vez, sem pausa. Não foi de propósito. Apenas aconteceu. Acho que, inconscientemente, é a minha vontade de chegar.
Almocei lulas com batata feita e um balde de cerveja e depois ainda outra cerveja caseira, feita pelo próprio restaurante. Eles foram "roubados" pela Estrella Galicia, que comprou a marca "A peregrina" que era a marca da cerveja deles, que é muito melhor que a da Estrella, claro.
Depois, durante a tarde, depois da siesta, claro, longa conversa com Victor (FR) e o casal Anna e Antonius (NL), obviamente muito enriquecedora. Quantas vidas, quantas vivências interessantes!
E pronto! Amanhã é outro dia.
Paz!
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