End discrimination. Hate everybody!

A palavra preconceito é definida na maioria dos dicionários como sendo um julgamento ou opinião formada antes do conhecimento do conceito, conceito sendo definido como a representação intelectual de um objeto (grosso modo, não é importante ir a detalhes).

É interessante notar que não existe nenhum julgamento de valor na definição da palavra: se é bom ou mau, se é correto ou errado etc. Á partida talvez o único julgamento de valor que me parece aplicável (com toda a ressalva possível) é de saber se é justo ou injusto. Para mim, á base parece-me injusto julgar sem conhecer a essência da coisa. Mas isso sou eu. E eu tenho o preconceito relativamente a saltar de aviões ou precipícios sem pára-quedas ou algum artifício de segurança. Mas como disse: isso sou eu.

E porque de repente me lembrei de falar deste tema? Não é de repente. É daqueles posts de Blog que ficou nos rascunhos desde que comecei este pseudo diário-de-bordo. Escrevi e reescrevi varias vezes na tentativa de encontrar o tom e ritmo certo, e nunca consegui. Hoje decidi escrever de uma vez e deixar só a função auto-corretiva do Word se encarregar de qualquer alteração da verborréia.

Que tipo de preconceito temos? Pfff...muitos...demasiados...

Preconceito sobre:
Sexo, gênero (sim, aprendi que são coisas diferentes), cor de pele, idade, classe social, educação, orientação sexual, aparência, ideologia, religião, relações, entre países (e pessoas) com níveis de desenvolvimento diferentes, níveis de auto-estima, Paris, Nova Iorque e Rio de Janeiro, crianças, políticos, jornalistas, metrópoles, viver no campo, segurança, caminhos para a Paz no mundo, estilo de vida “verde”, ter ou não ter filhos, morte, dores de crescimento, carros ou sinais exteriores de bem-estar, as máquinas que nos facilitam a vida, loiras, nacionalidade/naturalidade, saltos altos e seios empinados, sexo dos anjos e adolescentes, “ora pois”, liberdade de expressão, etc...(o etc permite-me não entrar em depressão...)

Aceito perfeitamente a idéia que certos preconceitos são relativamente anódinos, enquanto outros comportam níveis de ignorância incomensuráveis. Por ser mulato (sim, sim, mulato, pardo, quer dizer mestiço, nem preto nem branco, isso mesmo) tive o deleite de, muito cedo, sentir o poder do preconceito dos dois lados, os que me consideravam negro/preto e os que me achavam branco. Embora seja doloroso, assim fica fácil sentir a espessura do ridículo da situação.

Duas situações mais recentes me trouxeram de volta para esse mundo maravilhoso do preconceito. A primeira foi uma conversa com amigos e colegas de trabalho que reconhecem pacificamente que numa entrevista de trabalho eles darão sempre mais credibilidade a uma pessoa que venha bem vestida (obviamente que o “bem vestida” se mede com os padrões da sociedade) do que uma que venha vestida de forma mais relaxada. Pois. E eu que não suporto uniformes (sim, os homes no universo profissional usam todos o mesmo uniforme em cores diferentes), cada vez mais penso que isso vai ser um travão à minha ascensão profissional.

A outra situação foi um pouco mais dramática: numa festa onde eu encontrei vários casais “grávidos”, eu já com alguns copos de excelente vinho goela abaixo, surge a discussão da possibilidade da criança ser homossexual. Eu ainda consegui pensar “cala-te! Não digas nada. Mexe só a cabeça em sinal de pacato consentimento!”. Não funcionou. O absurdo da situação foi eu nem ter que provar para eles que a orientação sexual não era uma escolha, uma opção. Esse era um fato unanimemente aceite pela audiência. Mesmo assim a conversa durou algum tempo ate eles abandonarem (bêbados são pessoas muito chatas).

E eu fui para casa, com dois pensamentos. Primeiro: se essa conversa correu assim comigo, o mais reacionário da minha família, imaginem se isso tivesse acontecido com os guerrilheiros... Segundo: não pude deixar de pensar que o mundo em si já é suficientemente cruel e repleto de obstáculos para com a maioria das pessoas nele aterram. Que raciocínio lógico e humano me levará a querer ser mais um item negativo nessa viagem só de ida do meu filho?

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