Pegar, largar, ficar, namorar... um universo de possibilidades! (2)

Eu avisei que seria em várias partes. A experiência sociológica em ambiente de laboratório foi rica!

A conversa deles (Luis e a loirinha) durou mais tempo que eu consegui prestar atenção do lugar onde eu estava. Ainda por cima aconteceu algo que me fez passar de observador a ator involuntário da experiência. Perto do bar estava um casal no que parecia ser o início de um “pegar”...ou “ficar”, como queiram. Ela era muito bonita, cabelos pretos lisos que lhe iam até aos ombros, feições finas, bebia o que parecia ser uma bebida radioativa (era cor de rosa, mas um rosa que não existe na natureza) e era dona de um lindo sorriso. Ele era todo inho: baixinho, fortinho e com barbinha – aquela barba metrossexual que está na moda hoje, grande o suficiente para ter o efeito “hmmm, barba-mal-feita!”, mas suficientemente bem cuidada para não parecer vagabundo. Achei interessante ele tentar beijá-la com o corpo inteiro – quase na ponta dos pés porque ela era mais alta do que ele – enquanto ela dava uns beijos com a ponta dos lábios. Eu não entendi. Beija ou não beija! Que meio-termo é esse? Existe um “quase-pega” ou um “quase-fica”? E talvez porque eu estava perto deles, houve um momento que ela o beijou e olhou para mim. Pensei numa coincidência e continuei a curtir o show, com olhares distraídos aqui e ali tanto para o meu amigo como para o casal da experiência. E ela continuou naquilo de lançar olhares para mim sempre que o baixinho possibilitava. Mal sabia ela que eu não entendia nada e que quanto mais ela olhava para mim menos eu entendia. Eu até olhei para trás de mim, talvez ela estivesses a olhar para alguém e eu convencido que era para mim. Mas não. Era para mim mesmo. O que ela esperava? Que eu avançasse, puxasse o baixinho pelo colarinho ao mesmo tempo que dizia “me Tarzan, you Jane”? Sinceramente, o que era suposto eu fazer? Como ninguém estava lá para responder, peguei o meu copo e fui para o outro lado do bar. Isso. Fugi. Esse episódio se encerrou quando ela se despediu dele – com um beijo na boca – e, ao passar por mim arregalou os olhos. Mais uma vez, pfff, não faço ideia..

Entretanto o meu amigo volta de fumar um cigarro fora do bar, me informa que “pegou” uma menina lá fora, e me pergunta se eu vi a loirinha dele. Como assim? Mas a menina que pegaste não é a loirinha? Não essa é outra, lá fora, nada a ver. Fascinante! Depois disso ele não encontrou mais a loirinha dele e começou a procurar nova vítima.

Conclusão: duas coisas me chamaram atenção nessa noite.

A primeira foi que, contrariamente ao que eu acreditava, não é só o homem que é o predador. Não sei quando é que isso mudou – talvez sempre tenha sido assim e eu nunca notei – mas a mulher é tão predador quanto o macho. Pelo que eu observei, nesse bar havia muito mais grupos de meninas/senhoras que observavam os rapazes/homens do que o contrário. Os casais já formados pareciam representar uns meros 30% da sala, o resto sendo composto 60/40 mulheres/homens em vários níveis de alteração etílica e em clara situação de caça declarada. E pelas poucas conversas que tive, poucos são aqueles que de fato gostariam de encontrar alguém para ter um relacionamento mais duradouro, algo que dure mais do que aquela noite. A regra parece ser essa mesmo, acontece aí e fica aí. Não me ligues nem me mandes e-mail depois. Fun stuff!


A segunda é que o modus operandi continua o mesmo desde o inicio dos tempos: quem tem de avançar primeiro é o homem. Mesmo quando a mulher quer mais que ele. E nós sabemos que em geral nós homens, nessas situações – bar, mulher bonita, bebida, música alta – mandamos grande parte dos neurônios de férias. Porque é ainda assim? O homem lida melhor com a rejeição, é isso? E se for isso, é causa ou efeito?

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