Completei 39 anos no passado dia 10. E festejei com pompa e circunstancia, pela primeira vez. A data ficou tão simbólica que eu não podia deixar passar em branco – 10/10/10! A diversão dos festejos começou logo com o envio do convite, onde eu dizia que estava a entrar no meu 40º ano de vida. Gerou-se logo confusão porque a maioria achou estranho eu completar 40 anos – não sei se é “só 40?” ou “40, já?”, não que isso faça uma enorme diferença, claro. A festa foi muito boa, juntamos 2 aniversariantes, 1 despedida de um amigo que se muda para Paraty, 2 bandas e mais musica para dançar. E foi muito bom! Há muito tempo que não passei tão bem numa festa.

Mas este post tem outra veia. Desde que supostamente sou adulto, cada vez que faço anos penso quão diferente sou – ou somos – da geração dos meus pais. Eu me lembro dos meus pais com a minha idade ou até um pouco mais novos, e não reconheço em mim o grau de maturidade que eles tinham. É uma situação surreal. É verdade que hoje também sou pai, também pago pela casa onde moro, comida, roupa, educação e cuidados do filhote, blá, blá, blá. Não sei bem explicar a sensação, mas o mais claro que consigo colocar é “ainda não cresci”. Continuo a me entusiasmar pelas mesmas coisas que me entusiasmavam quando tinha 15 ou 20 anos. Alguns dirão que isso é bom, e entendo o raciocínio. Mas aqui eu quero falar do outro lado, mais sério.

Quando é que nos sentimos de fato adultos? Primeiro eu pensei que me tornaria adulto quando a minha subsistência deixasse de depender dos meus pais. Isso nunca aconteceu a 100%. Como a nossa família se movimentou muito entre países e continentes, nunca tivemos a possibilidade de constituir algum patrimônio. Resultado: tem sempre que existir ajuda dos pais para agüentar a vida ativa. Felizmente, é cada vez menos. Depois, achei que a paternidade era o segredo do “adultismo”. E enganei-me mais uma vez. Descobri que existem muitas pessoas que se tornam pais e nunca chegam a sxer adultos. Depois pensei que adulto é aquele que entende de política, de filosofia, de economia, de sexo, de relações interpessoais com outros adultos. E descobri também que muitas vezes as crianças e os animais percebem mais disso do que muitos adultos.

Ou seja, essa coisa de ser adulto é uma falácia vendida de uma geração para outra, como meio de manter a autoridade, a pseudo-legitimidade. Mais nada. Não existe a tal passagem de adolescente para adulto, da forma como se dá a de criança para adolescente. É uma chave de poder, um pouco como a bíblia é para os crentes. Não tem fundamento nenhum, mas mantém em ordem quem nela acredita.

E agora? Perpetuo ou acabo com o modelo?

Comentários

  1. Muito bom o texto.

    Conforme fui lendo, fui construindo algumas idéias na minha cabeça e uma delas era justamente: mas será mesmo que meus pais em algum momento agiram como adultos ou apenas nos fizeram pensar isso? (Ainda vou perguntar a eles...) Até que você me veio com a frase "essa coisa de ser adulto é uma falácia vendida de uma geração para outra, como meio de manter a autoridade". Genial, ovo de Colombo, eureka!

    Outra possibilidade também, para não considerarmos todos os antepassados tão maquiavélicos, é a questão da perspectiva. Quando voltamos a um lugar que não fomos desde criança (a casa de um parente distante, a escola, etc.), tudo nos parece tão menor do que era antes. Percebemos que aquele pátio enorme na escola, era só um pedacinho de chão... mas como nós éramos menores, nosso mundo conhecido era menor, o tal pátio passava a ser grandão. Talvez seja assim com os pais. Quando eles estavam lá no alto dos seus quarenta anos e nós tínhamos uma só década de vida, tudo que eles faziam nos parecia tão sério...

    Enfim, o importante mesmo é curtir a criança que você é.

    Beijos.

    Sandra.

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  2. É verdade essa parte de tudo parecer enorme quando somos pequenos. Isso me lembrou um sketch do Seinfeld. Olha aqui: http://www.youtube.com/watch?v=MarBVyZVe9s

    Beijos

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