Web 2.0, redes sociais e bla, bla, bla...

Lembro-me que durante muito tempo um dos medos que existia contra a Internet era a questão da privacidade. O grande medo dos utilizadores era (e ainda é, de certo modo) de ver as suas vidas “na praça pública”, sem nenhum controle sobre o que é verdade ou o que é mentira, o risco de difamação, distorção de factos etc. Com base nessa premissa até nasceram algumas empresas num nicho de negócio muito específico como a caça de informações. Empresas especializadas em procurar informação sobre “mim” (cliente) na Net, e de “limpar” o que eu achar necessário limpar. Embora hoje ainda hoje apareçam aqui e ali alguns e-mails a publicitar esse tipo de serviços, já é algo “passado”.

Eu sempre achei isso algo absurdo. A grande riqueza da Internet era e é precisamente essa liberdade e suposta falta de controle. Dou quase sempre o exemplo do caso da tentativa de “impeachment” do Clinton, que nasceu de uma pequena página pessoal de Internet (sim, as paginas pessoais eram os Blogs de há alguns anos atrás). A contrapartida (e faz sentido, se pensarem bem) é que, como nas outras médias, a Internet exige mais esforço de entendimento. Não é para qualquer um, muitas vezes é preciso escavar um pouco para chegar à verdade. Não é em nada diferente dos outros meios de comunicação de massa, a superfície é quase sempre fácil de digerir para quem não quer se dar ao esforço de cavar, mas mais vezes do que desejaríamos, induz em erro.

Onde vou com este discurso?

Simplesmente ao facto da roda ter virado, de certa forma. Há uns anos atrás, quando apareceram as primeiras correntes de e-mail (chain-mail), eu tinha recebido uma que mostrava o quanto as pessoas se afastaram umas das outras à medida que os meios de comunicação melhoraram. Uma das perguntas era algo como “quantas vezes você deixou de falar com um grande amigo só porque ele não tinha e-mail?”. De certeza que alguns de vocês também receberam.

Hoje, na suposta web 2.0, a métrica é oposta. O utilizador quer se expor, quer escrever, criar, mostrar tudo que ele faz. Aquela questão da privacidade não só de alguma forma tende a desaparecer como o objectivo passou a ser totalmente oposto. Eu (internauta) nao me quero esconder, antes pelo contrário. Quero que me vejam, quero me materializar perante o olhar dos outros, seja como for. Quero que alguém fora do meu círculo saiba que eu existo. Quero que me leiam, quero que oiçam a minha música, a minha voz, que vejam os meus quadros e as minhas esculturas, quero colocar on-line os meus sonho e pesadelos, sem pudor ou censura. No passado as pessoas mantinham diários que ninguém podia ler, hoje é o contrário.

Aproveito para esclarecer que esse conceito de web 2.0 é uma falcatrua pois induz as pessoas que a web sofrei um upgrade conceptual, uma nova forma de uso. Na minha opinião (saliento o “na minha opinião) esse conceito sempre existiu. A maior mudança foi o aparecimento da banda larga. Se eu devesse escolher uma forma de definir esse 2.0 diria unicamente BANDA LARGA! Possibilitou (e possibilitará cada vez mais) que aplicações, serviços e conteúdos mais pesados, mais consumidores de largura de banda, pudessem ser colocados on-line sem o problema de “quem poderá ver”. Penso que ninguém terá coragem de me contradizer quando eu digo que o youtube nao existiria sem as nossas conexões a 2mbs, certo? Desafio qualquer um a ir falar de web2.0 em Luanda. O conceito de comunidade e rede (networking) já existe desde o dia 1 da Internet. Quem usou BBSs ou similares (minitel, em França) saberá isso. Aproveitem, pois a experiência ficará cada vez melhor :-) Como aparece na imagem a Web foi feita por e para pessoas. Sempre foi. Pouco mudou. Felizmente.

Voltando ao tema, e para concluir, vou usar uma frase parecida com a de um falecido cómico francês: quanto melhor a comunicação...pior a comunicação! :D

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dia 1, de não sei quantos...

Dia 5, de não sei quantos...

Dia 3, de não sei quantos...