There's something about the music...

Já nem sei se já escrevi sobre o assunto. E mesmo que já tenha, o assunto é-me importante...

Recorrentemente, volto a pensar no meu percurso de vida e tento identificar o momento em que escolhi não perseguir o meu sonho. Ou, sendo menos dramático, escolhi hipotecá-lo em prol de alguma segurança.

Acho que aconteceu quando vislumbrei que poderia fazer “carreira”, que não era o inútil que algumas pessoas pensavam que eu era. Na altura não tinha discernimento para afastar do meu caminho qualquer interferência/opinião de terceiros. Não quer dizer hoje tenha, mas pelo menos hoje sei expressar um “NÃO” convicto e repetir claramente para quem insiste “que parte de NÃO, não percebeste?”. Isso ajuda muito a ser seguro.

Dizia eu que quando achei que poderia “fazer carreira” foi quando conscientemente escolhi me afastar do mundo da música. Isso aconteceu no inicio da década de 90. De fato algumas qualidades me permitiram destacar e crescer profissionalmente, em vários ambientes diferentes (vendas, treinamento, lojas, marketing, Internet, comercio eletrônico, celulares e mais um montão de raios que os partam...), em culturas diferentes, em línguas diferentes, com responsabilidades e cargos diferentes, o balanço profissional foi sempre positivo em cada uma destas aventuras. Aliás, esses saltos profissionais até podem demonstrar alguma inconstância, a procura por algo que não encontrei ainda. A única constante nessa caminhada foi a música, os diversos grupos/bandas nos quais participei. E este projeto chamado kaleidoskope que me persegue há mais de 15 anos...

A verdade é que, por mais que tenha tentado colocar a responsabilidade de nunca ter enveredado pela música no meu pai, por ele nunca ter aceitado pagar a escola de música que eu pedi durante anos, eu nunca tive a coragem necessária para escolher inequivocamente esse caminho.

Nesse percurso paralelo fiz (e faço) MUITOS amigos e criei (e espero criar) muita música boa. Obvio que a avaliação qualitativa é minha e deve ser levada com as devidas ressalvas. Gostos não se discutem impunemente. E não falo unicamente de notas, de harmonias e melodias. É muito mais do que isso. A letra é importante, a mensagem é importante, o conjunto é que deve ser considerado. Faço parte daquele grupo de pessoas (não sei se pequeno ou grande) que acha que os artistas têm uma responsabilidade, que não existe arte gratuita, o ser por ser, tem de ter algum sentido, transmitir alguma coisa, algum sentimento, alguma opinião, direcionamento.

But I digress... and "I'll be back!" :)

Escolhas. Sempre...

Para voces, assim, sem razão particular... Giusy Ferreri - Estate
(a lingua italiana é linda demais... qualquer coisa fica bonito em italiano...)

Comentários

  1. agora é "o canto dele..." ? Canto de cantar ou canto, canto ? :-)

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  2. :)
    Pode ter todos esse sentidos...

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  3. De certa forma, ao não deixares a música num canto escuro e trazê-la sempre contigo, estás a realizar teu sonho. E, de quebra, tens muitas outras coisas importantes para contar, devido às carreiras que traçastes.

    E quando li no fim, "qualquer coisa fica bonito em italiano", lembrei de um artigo que li recentemente, onde o autor falava disso, das línguas bonitas, que embelezam até palavras tolas (não que seja esse o caso de Estate, porque não entendo patavinas de italiano para poder avaliar). Mas ele comentava o engraçado que é algumas músicas serem consideradas lindas em certos idiomas, mas, quando traduzidas tornam-se absolutamente sem graça. É quando pesa mais a musicalidade do idioma que seu significado.

    Beijos.
    Sanflosi.

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  4. Acho que Estate quer simplesmente dizer Verão (a estação do ano). Mas é verdade, o italiano faz qualquer palavra ficar bonita :D

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