No carro gosto de deixar passar...

...outros carros, bicicletas, pessoas, o que seja. Sinto-me bem, bom, importante, ao fazer aquele gesto magnânimo com a mão que diz "sim, irrisório/amiúde/miserável mortal, podes passar que eu deixo...". É um prazer vislumbrar esse fugaz momento de surpresa misturado com felicidade na cara de quem estou a deixar passar. Sinto-me mestre do mundo! :D

E é patético que exista esse momento, não é? Não é como se eu estivesse a dar um milhão ou a salvar uma vida. É apenas um gesto de cortesia básica, civismo, convivência...

Mas isso seria sem contar com os milhares de condutores imbecis que quase atropelam pessoas bem intencionadas que atravessam nas passadeiras – passagens para peões, para os lusos - identificadas para esse efeito. Só visto o olhar de desespero das pessoas que tentam chegar ao outro lado. E quando chegam do outro lado têm aquela cara do soldado que conseguiu passar de um esconderijo para outro enquanto berra “suppressing fire! suppressing fire!”, como nos filmes de guerra...

Aqui em Brasília (acho que é só em Brasília, pois não me lembro de ter visto em mais nenhum lugar...), existe uma marcação no chão em frente às passageiras, para “dar sinal de vida” antes de atravessar a estrada. Sério! Olhem a foto, isso não é ficção nem montagem. Sempre me perguntei se o fato de eu estar em pé na beira da estrada frente à dita passadeira, a olhar para ver se um carro pára para eu poder atravessar, não era um bom sinal de vida.

E a lei do trânsito em todos os países onde andei de carro é a mesma: uma pessoa em pé frente a uma passadeira, o carro tem de parar. Simples e sem discussão. Não importa se o imbecil do peão não atravessa a porcaria da estrada, o carro tem de parar!

Vamos combinar o seguinte: nas passadeiras as pessoas vestidas com roupas de algodão/couro/tecidos sintéticos, ou mesmo nuas (nunca se sabe...), têm prioridade sobre as pessoas que estão vestidas de ferro/plástico/airbags/vidros, pode ser?

Ahh, pessoas...

Comentários

  1. Hahahahahaha. Eu sabia que essa sua indignação um dia ia virar um post.
    Mas sabe que depois que você comentou sobre isso comigo, certa vez, sempre que eu passo por uma faixa de pedestres (como se diz no Brasil. rsrsrs), fico imaginando se seria possível ter alguém ali, em pé, sem ter sinal de vida. Não dá, né?
    Mas você toca em outro ponto importante: "Não importa se o imbecil do peão não atravessa a porcaria da estrada". Concordo que se ele não atravessa não é desculpa para os carros nunca mais respeitarem a faixa. Mas também cabe civismo ao pedestre. Em frente à faixa, não é lugar de bater papo ou esperar a carona, né? Só parem lá se forem de fato atravessar. Fica mais fácil para todo mundo.
    Bjs.
    Sandra.

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  2. Então de onde tirei "passadeira"? Pensei que era assim que se dizia aqui no Brasil...:)

    Continuando...
    Sobre o outro ponto importante, eu sabia que ias dizer isso :D Sim, o palhaço do pedestre poderia ajudar um pouco também, claro. Mas até isso acontecer, os carros têm de parar sempre. É a lei :)
    Bjs

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