Uma viagem e tanto: Parte 3 | Cincinnati. At last...


Pensaram que a saga tinha acabado? I wish!!

Por volta das 13h e pouco, cheguei a Cincinnati. Todo feliz, dirijo-me ao stand da rent-a-car para pegar o carro e tentar chegar no local do torneio antes das 14h. Chego no balcão da dita cuja e entrego os comprovantes da reserva (paga), assim como a identidade. O jovem preenche os campos do cadastro no computador, confirma dados aqui e ali e me pede um cartão de crédito. Isso mesmo. Suo frio e pergunto, com cara de ladrão de banco, porque ele precisa do cartão, já que eu tinha pago tudo. Ele me explica que fica sempre o cartão gravado para, caso eu tenha algum excedente (ou tenha vontade de sumir com o carro, subentende ele), a cobrança seja fácil e rápida. Entrego o cartão, com a mão trémula de emoção e...dito e feito: o cartão não passa. Tento o outro, com o evidente resultado idêntico. Tento o cartão de débito internacional, até o débito nacional, tudo kapput-put-putResumo da história: estou em Cincinnati, são quase 14h, tenho ingressos para as duas sessões do torneio que mais esperei na vida, tenho um carro parado na porta da loja, que, embora pago, não posso pegar, um quarto de hotel reservado e pago, uns 200 dólares no bolso e todos os cartões bloqueados. Em Cincinnati.

Sabem o que é vontade de chorar desalmadamente, esperneando no chão que nem criança tendo uma crise porque “o céu está da cor errada”? Pois bem...

Começo a considerar opções: existe algum meio de transporte até ao local do torneio? Sim, mas tenho 16 trocas de transportes e dura 5 horas e meia. E de táxi? Dura 45 minutos e custa uns 120 dólares. Posso ir para o hotel e ver os jogos na TV, mas seria a sessão de TV de hotel mais cara da história (o que, com o recuo, renderia belas gargalhas, lá isso renderia). E tentar outra vez falar com a CAIXA? No máximo, perco mais umas centenas de reais em comunicação, cuja cor nunca mais vou ver. Como dizem por aqui, “o que é um peido para quem está cagado!”. Lá vou: desliga celular, troca de chip, liga, escuta música, explica para atendente, escuta música de novo, explica para outro atendente que passa para outro atendente, até chegar, finalmente no famoso setor de segurança. O bacano ouve a minha história, emocionado, me faz meia dúzia de perguntas e me diz que os cartões estão desbloqueados. Boquiaberto, com cara de quem viu a virgem e ouvindo músicas celestiais, peço para ele aguardar só um minuto na linha, enquanto eu tento passar o cartão ao vivo. O jovem da rent-a-car sorri quando me vê voltar babando, passa o cartão e...funciona! Estou salvo. Vou poder ver filho e família de novo! Agradeço o bacano do setor de segurança, convido-o para jantar e conhecer todo o mundo em Brasília, blá, blá, e desligo feliz. O jovem do carro me pergunta se não quero o seguro do carro e, como tudo tinha dado tão certo até lá, penso que seria prudente aceitar a oferta. Quando ele vai passar o cartão para pagar os míseros 12 dólares do seguro...tadaaaaa! Niet. Nicles batatóides (google it, f’you don’t already know). Bate o desespero de novo. O jovem da loja nota isso e me diz para pegar qualquer carro no estacionamento, oferta da casa, “because I see you are already having a bad day”. Respondo que é mais para “bad week”. Enfim.

Prius  Interior Images PictureVou para o estacionamento e, de todos os carros, escolho o Toyota Prius. Sempre fui curioso em relação a esse carro elétrico. Coloco as minhas coisas no carro, fico 10 minutos tentando entender se o carro está ligado ou não, já que a porcaria não faz absolutamente nenhum barulho, carrego no acelerador de leve e...bingo! Ele avança um pequeno metro. Um barulho de lata raspando, vindo do lado direito do carro, me faz parar tudo, em pânico. Saio do carro, dou a volta e...claro que eu não tinha visto que tinha um poste móvel, de ferro, quase encostado no carro. Toda a porta traseira, do lado direito, riscada. E não era daqueles riscos que saem com cuspo ou uma lambidela (sim, tentei). Saiu tinta, mesmo. Olho para a loja para ver se alguém viu e não noto nenhum movimento. Entro de volta no carro e tchau. Bora para o torneio! Quando saio do aeroporto, devem ser umas 3 da tarde.

No caminho, paro, esfomeado, num fast-food para comprar alguma coisa para comer no caminho. Tento pagar com o cartão e, milagre das deusas: funciona! Fiquei sem entender o que tinha acontecido com na rent-a-car. São 16h, quando chego no torneio!

Quando cheguei, estacionei o carro e corri para a entrada, com esperança de poder ainda apanhar alguns jogos da sessão da tarde, que ia terminar às 19h. Pego o meu voucher da tarde e entrego para um dos porteiros. Ele escaneia o código barras e...(riso nervoso) me responde que “eu já entrei”.
  • Hã?
  • Yessir, this code has already checked in, I’m sorry.

Lembra que esse ingresso era digital e o da noite era físico? Então...
O bacano que me vendeu, provavelmente vendeu a muitas outras pessoas e como os códigos são validados só uma vez, a primeira pessoa que chegou, entrou. As outras (myself, entre outros)...não. O chefe dele veio, entendeu a situação, pediu para um colega imprimir um ingresso real do meu código, para ver se era um problema da máquina, e nada. Já pensando no pior, peço para eles verificarem se o ingresso da sessão da noite era válido. E era. Ufa, bem! Saliento a simpatia de todo o mundo, empáticos com o meu “drama” e tentando genuinamente resolver.

Mas ali estou, na porta, e os meus ídolos, lá dentro. O ingresso da noite só me dava direito a entrar a partir das 17h. Ou seja, depois desse processo todo, eu tinha de esperar mais uns 40 minutos. Resignado, sento-me num canto e aproveito para ligar para o suporte ao cliente da www.stubhub.com, onde eu tinha comprado os dois ingressos. O atendente, muito cordial e simpático também, ouve a minha história, resgata a minha informação do site, pede desculpas pelo ocorrido e diz que vai tentar me dar outro ingresso para a mesma sessão. Ele procura, mas infelizmente já não havia. A única solução era ele me reembolsar e eu tentar comprar no balcão. Aceito o reembolso e ainda ganho outros 75 dólares de credito na conta, pelo desgaste, sem eu pedir. Saliento o “sem eu pedir”!

Nesse momento, quando eu desliguei o celular, me aparece o chefe do pessoal que estava na porta, com um ingresso na mão.
  • Sir, I got you a ticket!
  • Really? How much?
  • Free of charge. Go ahead and enjoy the rest of the afternoon matches! It’s our pleasure.
  • Oh, man! Thank you so very much!!


Pego o ingresso e começam as melhores horas que tive, em muito tempo!

Comentários

  1. Respostas
    1. E olha que ainda não acabou :D

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    2. Cadê o "resto" Vidonso? Fiquei super curiosa para ler como terminou a tua saga. Vai ver se tivesses ligado à tua prima ela poderia ter te dado apoio moral daqui da CA ;-).

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    3. Falta de tempo! Ainda falta a quarta e última parte. Espero conseguir escrever este fim de semana :)

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