O mundo sem Michael...(2/3)

Em França eu vi Michael ao vivo. Pois. Um show surreal da tournée Dangerous, salvo erro. Para mim o melhor álbum dele é o Bad. O Thriller é fabuloso, sem dúvida, além de ser um marco histórico que continua firme até hoje, quase 30 anos depois: único álbum que vendeu mais de 100 milhões de exemplares. O segundo classificado vendeu menos da metade. Beat that! Mas como costumo dizer, Bad é dele! Mostra um Michel seguro de si como nunca foi antes ou depois. Ele compôs quase tudo e coproduziu tudo com o Quincy Jones (quantos artistas podem se dar a esse luxo?). Controlou cada rédea do álbum. Resultado: para mim, um dos melhores álbuns da história. Coeso, ultra bem produzido, músicas fantásticas. Mas eu não fui nessa tournée. Stupid me! Fui na seguinte, com a minha irmã nos ombros boa parte do show (ela era pequeninha e não conseguia ver o palco). E até hoje me lembro de ter sido um momento alto da minha vida. Dangerous Tour, em junho ou julho de 1993, salvo erro. Um show inesquecível. Foram mais de duas horas de espetáculo, todos os sucessos, banda fenomenal, dançarinos e coreografia de tirar o fôlego a qualquer ser com sangue quente, e a sensação continua de ter presenciado um momento mágico. Tão mágico que hoje, quase 20 anos mais tarde, ainda me recordo com um sorriso nos lábios. E no fim do show, ele saiu num daqueles cinto-foguete usado pelos astronautas da NASA, sobrevoando a plateia inteira. Depois de desaparecer atrás do palco, uma voz – que parecia ser a voz do Vincent Price, aquela voz assustadora do Thriller – anuncia “Ladies and gentlemen, Michael Jackson has left the building”, em clara alusão a Elvis, o outro rei ;) Delírio total!

Depois disso foi a longa travessia do deserto com os inúmeros processos, as histórias de abuso de menores, a falência, os discos que já não se vendiam – que surpresa, não é? No meio daquele furacão ainda esperavam dele que continuasse a vender como Thriller tinha vendido. Não dá. Falando especificamente dos processos, faço parte do grupo de pessoas que acredita que ele nunca violou ou abusou de criança nenhuma. Isso, podem me chamar de iludido se quiserem. Acredito que de fato ele tenha dormido com crianças – dormido – com toda a inocência de uma criança também. Aliás, inocentemente, ele reconheceu isso numa entrevista com aquele jornalista inglês cujo nome não me lembro. Ele nunca escondeu isso. No universo dele, que era bem menos perverso que o nosso, isso fazia sentido. Daí a achar que ele era um pedófilo, vão anos luz. É apenas uma opinião. Façam dela o que quiserem.

Musicalmente eu já não esperava nada dele. As ultimas imagens que eu via dele mostravam um homem completamente desfigurado, completamente alienado do mundo. Em muitos momentos ele me fez pensar no Howard Hugues e na paranoia. A fortuna dele foi dilapidada por todo o tipo de sanguessuga imaginável. É tão típico do nosso mundo, não é? Colocar um ser humano nos píncaros da glória para melhor abatê-lo à pedrada. Em ultima análise foi o que aconteceu.

Repito: nenhum de nós faz ideia do que é estar nas luzes da ribalta dos 5 aos 50 anos, sem um único momento de repito...

Deixo aqui o mágico, numa versão live de uma das minhas músicas preferidas: Another part of me.

No fim é isso mesmo. Ele é só uma outra parte de mim... 



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