Um dia irrequieto e inquieto...

Um dia estranhíssimo, como já não tinha há muito tempo.
 
Fui para São Paulo para uma reunião que durou a manhã inteira. Nessa noite fiquei num hotel bizarro no norte da cidade, porque pelos vistos todos os hotéis da cidade estavam cheios. Parecia o hotel daquele filme dos irmãos Cohen - Barton Fink. Quarto grande com uma cama de casal e outra de solteiro, tapete sujo, televisão antiga de 14 polegadas, ligeiro cheiro a mofo, Internet ultra lenta...enfim. Aliás, todo o bairro parecia estranho. Muito tempo para pensar. Veio tudo ao mesmo tempo, memórias de Lisboa, Paris, Montpellier, nascimento e primeiros meses/anos do Milan, viagem com ele para Paris quando tinha apenas 10 meses, a vinda para o Brasil, Luanda, as escolhas profissionais... fui dormir eram umas 2 da manhã. Exausto. Acordei às 7 com o despertador, banho, café, atravesso o trânsito nojento de São Paulo até chegar à reunião. 5 horas de discussão sobre o futuro dos Indicadores Ethos - em outras palavras, "como salvar o mundo começando pelas empresas.
 
Depois disso rumo ao aeroporto, onde fiquei sentado mais 2 horas até o avião sair. Como não tinha mínima vontade de ligar o computador e fingir que trabalhava, coloquei os fones nos ouvidos e musica com eles. Mais pensamentos, mais confusão. Para agravar o Cafarnaum mental, ainda por cima tinha que pensar em escolhas profissionais, novas propostas de trabalho, umas interessantes do ponto de vista do trabalho, outras muito interessantes do ponto de vista do $ - não, nenhuma que reunisse as duas condições... e até umas que envolveriam ir trabalhar para São Paulo, essa cidade que tanto gosto...
 
Tentei dormir no avião. Nada. Passei as horas seguintes numa espécie de limbo até ir buscar o Milan às 20h, jantar, cama. E ainda estava elétrico. Pela primeira vez da minha vida pensei que ia ter de tomar um sonífero. Felizmente não foi necessário. Pouco depois das 10 da noite o cansaço ganhou. Desmaiei na cama com a sensação que o dia seguinte seria outra história. E chegou o outro dia. Com a mesma sensação inquieta. Que raio se passa?
 
Decisões David. Decisões e suas consequências. É só isso que se passa. As decisões passadas e as que virão. E não há determinismo ou destino. Está tudo nas minhas mãos. É só estar em paz com as consequências.
 
(quadro: Irrequieto de Davide Falcone)

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