Damaged people...

Descobri que gosto de pessoas “machucadas”, com histórias complicadas, com rugas da vida, com pendências pessoais, com pesos na consciência consequência de decisões erradas. Pessoas que passaram por mortes ou sobreviveram a acidentes, catástrofes, dramas familiares, doenças. Pessoas com sinais de combate, com ferimentos de guerra...

É uma tendência que fui identificando pouco a pouco. Não estou a falar daquelas pessoas que estão sempre mal, que têm sempre algo que não está bem, que se queixam continuamente de tudo e todos. Essas me são dificilmente suportáveis.

Estou a falar daquelas que sobreviveram genuinamente a situações sensíveis, que ultrapassaram barreiras que se diziam intransponíveis. Essas pessoas não são tristes e taciturnas, não carregam o peso do mundo nas costas como um castigo supremo. A vida continuou e elas continuam com ela. Reparem que o peso ou o trauma não desaparece, apenas aprendem a lidar com a situação, a fazer do tal limão uma limonada. E normalmente tendem a ter uma visão da vida mais leve, menos exageradamente intensa como o comum dos mortais faz. Talvez saibam coisas que eu não sei. Talvez venha daí o meu fascínio, que, por mais que tenha a sua dose de voyeurismo macabro, acaba por ser muito mais motivado pela vontade de aprender a ver as coisas dessa forma. São sobreviventes. Eu admiro sobreviventes. E somos todos sobreviventes de certa forma, com graus de sobrevivência diferentes, talvez...

E faz sentido que eu goste dessas pessoas. Em frança costumavam dizer “quem se parece, se junta...”

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