Dia 12, de não sei quantos...

Atapuerca - Burgos: 23,2 km

8 da manhã. Rafa, marido da Rosa nos deixou em Atapuerca, depois de ter levado os franceses. Super gentil e divertido, nos contou como eles construíram e mantêm uma piscina que ninguém usa, porque "a galera de Madrid liga e pergunta se a casa tem piscina. Eu falo que sim, mas quando eles chegam, ninguém usa porque aqui, mesmo no auge do verão, a temperatura cai oara 10 graus e a água fica gelada. Mas se eu falo que não tem piscina, ninguém vem!". Bom demais!

Assim que saímos de Atapuerca, que para mim quer dizer "amarra a porca" e pronto, começa a subida para depois descer para Burgos. É um pedaço curto, mas cansativo - circunda o aeroporto ou aeródromo, não entendi bem - e com algumas armadilhas que a Rosa nos explicou: depois de passar por cima da autoestrada, virem para a esquerda, independentemente dos sinais que virem. E depois contiem reto e virem à direita so depois do rio e continuem com o rio na direita até chegar ao centro de Burgos. Qualquer desvio dessas orientações = + 23 km! Bicho. Pensa numa caminhada atenta!

Olha Burgos ali no fundo!

E esse azul que me lembrava o céu de Brasília, hein?

Nesta foto, as duas peregrinas na direita tiveram a boa ideia de tirar os sapatos e atravessar o riozinho caminhando na água. Como se diz em esperanto, "it's always funny until someone gets hurt and then it's just hilarious". Assim que elas fizeram 3 ou 4 passos dentro da água, entenderam que não ia ser uma experiência agradável, naquela água a 5 graus e naquele rio cheio de pedras. A travessia foi um longo "aaaaaaahhhhhhhhhhhhh, goddammit!". Quando chegaram no outro lado, uma disse "well, that was a good idea!". O Damien gritou "damn róite! Nó ye feet're fókin blu!". Foi lindo!

Quando passamos do lado do aeroporto, senti uma dor no interior da coxa direita, como nunca tinha sentido. Estávamos a uns 8 km do centro e eu pensei sinceramente que o Caminho ia terminar ali, para mim. O Damien até perguntou se eu não tinha "torn your armstring". Não faço ideia do que é armstring, mas a palavra torn me fez tremer de medo. Só me lembrei do meu ano e meio parado, depois de romper o ligamento do ombro direito. E vai massagem, e vai alongamento, e vai conversa com a coxa… e a dor foi diminuindo o suficiente para chegar ao centro.

Cidade linda, Burgos! Sensação de que eu poderia morar aqui tranquilamente. A catedral, que não visitei, é surrealmente grande. Tenho a sensação que é maior que aquela coisa do Gaudí, em Barcelona.

Apenas tivemos tempo de ir lavar a roupa e ir ter nosso jantar de despedida, num bar/restaurante muito bom, algures ali no centro.

E assim foi.

Xixi, cama!

Paz!