Meus momentos non-sense...


Para lidar com a separação achei bom voltar a umas sessões de terapia. Procurei na lista de médicos do meu plano de saúde e escolhi uma clinica perto do trabalho. Fui lá ontem e... de repente entrei numa 13ª dimensão ou num filme do Terry Gilliam ou do David Fincher.

O lugar era exíguo e sem ar. Os dois pacientes que esperava tiveram, durante a meia hora que esperamos, a mais alucinada das conversas sobre a vida, mulheres, deus, drogas, livros etc. Para terem uma referencia, o momento menos interessante da conversa (leiam "interessante como quiserem...) foi quando um quis perguntar ao outro se tinha lido "o segredo", esse pastel-mor, marco da literatura do nosso século (sim, do século 21...), mas não se lembrava do título do livro e referiu-se ao mesmo como "um livro com uma capa com uma coisa vermelha, como sangue". O outro pensou um pouco (sim, pensou, eu vi no olhar dele...) e respondeu "não, não. não era essa. O que eu li tinha a capa azul e as letras cinzentas...". Senti-me na pele do assassino do filme Seven, estômago revoltado e com vontade de acabar com a agonia de alguém...eu ou eles. Como todas as teorias, a da sobrevivência das espécies de Darwin tem as suas exceções, infelizmente...

Depois entrou um paciente com cara de psicopata - tenho a certeza que é um porque ele não esperou como os demais mortais. A atendente deve ter pensado "melhor atender este logo antes que faça alguma coisa..." - e, quando finalmente fui atendido, a psicóloga me explicou durante a sessão que o amor é uma religião, uma fé, que dos 3 filhos que tem (1 mulher e 2 homens) a mulher que é religiosa, é mais "equilibrada" que os 2 homens, que são agnósticos. Mas isso não é tudo. O momento alto da sessão, e talvez da minha relação com terapeutas, foi quando ela, num esforço para me conhecer melhor, me perguntou se eu nunca tinha trabalhado como modelo. Foi um momento sui generis. E não se contentando com a minha resposta negativa e seca, fez cara de surpresa e perguntou se NUNCA me tinham proposto isso. E eu respondi de novo que não, e de propósito não perguntei porquê tal pergunta para ver se ela iria fechar a diatriba com um fantástico "que estranho, voce é tão bonito...."

Nesse momento eu teria conseguido parar de aguentar o vômito que sentia desde o primeiro instante que entrei no consultório...

Não sei se vou voltar...

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