Pai, aquela guerra permanente...
Tão longe quanto a memória me leva, não encontro um momento de relação pacífica com o meu pai. Quando era pequeno lembro-me de surras indescritíveis pelos motivos mais absurdos, lembro-me da autoridade, lembro-me de momentos de descontração em que ele se tornava o narrador/ator de histórias da sua juventude, todas elas mais divertidas umas que as outras, lembro-me da autoridade implacável, mais baseada na violência física do que no respeito (pelo menos hoje é essa a leitura que tenho). E essa autoridade persegue-me, colada à pele, em cada momento do meu relacionamento com o meu filho. Eu que sempre apregoo o “não ter medo” fico apavorado com a ideia de cometer com o Milan os mesmos erros que acho que ele cometeu comigo. E é uma merda viver com esse fantasma. Continuando... O tempo foi passando, o casamento dos meus pais foi se desmoronando, ele foi se envolvendo com álcool (que ele não agüenta) e jogos, eu fui crescendo, o confronto foi deixando de ser pai/filho para ser homem/h...