Não queremos saber tudo. Só um pouquinho...
Há coisas que não podem, não devem ser ditas. Esta frase me foi dita algumas vezes por pessoas que precisamente prezavam a sinceridade, a honestidade, a transparência nas relações...
Algumas vezes, quando achavam que eu era um jovem calado, demasiadamente introspectivo, pediram-me para ser sincero, completamente aberto. E quando fui, pediram para ser menos, aplicar uns filtros. E então? Afinal em que pé dançamos? Ahhh, lembrei-me! É difícil ser coerente. Mas não deveria ser difícil tentar, pelo menos.
Como em muitas coisas da vida, a “verdade” há de estar algures nesse meio-termo, não é? Mas eu tenho dificuldades com meios-termos. Quem me conhece já o sabe. Porque o meio-termo exige pensamento/reflexão antes de qualquer ação. Isso tem impacto no dinamismo das relações, das conversas, das interações, das trocas de ideias... Sem contar que é cansativo. Pelo menos para mim. Ter que pensar um pouco mais do que já penso, antes de verbalizar/agir/escrever/sinalizar?
Mas não estou isento da aplicação desse dito filtro social. E custa-me. Porque acabo por ser, talvez, um pouco menos eu. Isto vai ficar interessante...
Tomem o exemplo deste blog. Já que ele é o “meu canto”, eu gostaria de poder ser 100% eu aqui, não é? Pois não. Porque há coisas que não podem ser ditas. Não tenho controle sobre quem vai ler, como vai ler, se vai entender, como vai entender etc, etc. Ou seja, é um exercício de estilo. Aliás, também é válido para quem lê, não é? Posso ter escrito coisas que interpelaram alguém profundamente, mas por alguma razão essa pessoa não se manifestou, nem direta nem indiretamente.
É pena. Porque, por mais difíceis que essas interações ultra transparentes sejam, é onde mais se conhece uma pessoa. Eu até tinha criado um pseudônimo para veicular as coisas que o David não “podia pensar ou dizer”. Como veem o Ezy morreu. Matei o gajo. Ficou só o nome porque é bonito.
Que lição posso tirar disso tudo? Que, para as coisas funcionarem minimamente bem tem de existir uma dose certa de zonas de sombra, e isso, seja qual for o tipo de relação. Já ouvi mulheres em casais felizes me dizerem que preferem não saber se o marido vai às putas ou não. É. Então é assim, não queremos saber tudo sobre os nossos governos, não queremos saber tudo sobre as nossas religiões, não queremos saber tudo sobre os nossos amigos, não queremos saber tudo sobre os nossos pais (já experimentaram perguntar para eles como eles fazem amor?), não queremos saber tudo sobre os nossos chefes ou colegas de trabalho, não queremos saber tudo sobre @s noss@s parceir@s/namorad@s, não queremos saber tudo sobre os nossos filhos (meus pais nunca me perguntaram se eu tomei/tomo/tomaria drogas), não queremos saber tudo. Só um pouquinho, o suficiente para o nosso conforto, a dose certa para a nossa paz de alma.
Ok. Seja. Mas então se não queremos saber tudo, porque raio brigam comigo quando eu digo ignorance is bliss? Haja um mínimo de coerência!
Whatever works, man. Whatever the fuck works!
Algumas vezes, quando achavam que eu era um jovem calado, demasiadamente introspectivo, pediram-me para ser sincero, completamente aberto. E quando fui, pediram para ser menos, aplicar uns filtros. E então? Afinal em que pé dançamos? Ahhh, lembrei-me! É difícil ser coerente. Mas não deveria ser difícil tentar, pelo menos.
Como em muitas coisas da vida, a “verdade” há de estar algures nesse meio-termo, não é? Mas eu tenho dificuldades com meios-termos. Quem me conhece já o sabe. Porque o meio-termo exige pensamento/reflexão antes de qualquer ação. Isso tem impacto no dinamismo das relações, das conversas, das interações, das trocas de ideias... Sem contar que é cansativo. Pelo menos para mim. Ter que pensar um pouco mais do que já penso, antes de verbalizar/agir/escrever/sinalizar?
Mas não estou isento da aplicação desse dito filtro social. E custa-me. Porque acabo por ser, talvez, um pouco menos eu. Isto vai ficar interessante...
Tomem o exemplo deste blog. Já que ele é o “meu canto”, eu gostaria de poder ser 100% eu aqui, não é? Pois não. Porque há coisas que não podem ser ditas. Não tenho controle sobre quem vai ler, como vai ler, se vai entender, como vai entender etc, etc. Ou seja, é um exercício de estilo. Aliás, também é válido para quem lê, não é? Posso ter escrito coisas que interpelaram alguém profundamente, mas por alguma razão essa pessoa não se manifestou, nem direta nem indiretamente.
É pena. Porque, por mais difíceis que essas interações ultra transparentes sejam, é onde mais se conhece uma pessoa. Eu até tinha criado um pseudônimo para veicular as coisas que o David não “podia pensar ou dizer”. Como veem o Ezy morreu. Matei o gajo. Ficou só o nome porque é bonito.
Que lição posso tirar disso tudo? Que, para as coisas funcionarem minimamente bem tem de existir uma dose certa de zonas de sombra, e isso, seja qual for o tipo de relação. Já ouvi mulheres em casais felizes me dizerem que preferem não saber se o marido vai às putas ou não. É. Então é assim, não queremos saber tudo sobre os nossos governos, não queremos saber tudo sobre as nossas religiões, não queremos saber tudo sobre os nossos amigos, não queremos saber tudo sobre os nossos pais (já experimentaram perguntar para eles como eles fazem amor?), não queremos saber tudo sobre os nossos chefes ou colegas de trabalho, não queremos saber tudo sobre @s noss@s parceir@s/namorad@s, não queremos saber tudo sobre os nossos filhos (meus pais nunca me perguntaram se eu tomei/tomo/tomaria drogas), não queremos saber tudo. Só um pouquinho, o suficiente para o nosso conforto, a dose certa para a nossa paz de alma.
Ok. Seja. Mas então se não queremos saber tudo, porque raio brigam comigo quando eu digo ignorance is bliss? Haja um mínimo de coerência!
Whatever works, man. Whatever the fuck works!
Adorei o post!
ResponderExcluirAs pessoas poderiam se decidir antes de nos perguntar algo, não é mesmo? Elas fazem a pergunta e ainda dizem "seja sincero" então usamos de toda nossa sinceridade à pedido dela, e ela fica magoada!! Como pode? rsrs
Poizé! Vai entender o ser humano...
ResponderExcluirDepois perguntam-se com cara de boi espantado "como é que o mundo está como está?" :D
Huuummm...essa preciso pensar! Eu costumo querer saber tudo (ou mais do que o confortável), mesmo que as vezes não consiga, não deva ou não possa.
ResponderExcluirTambém costumo dizer, mesmo que deseje profundamente ficar quieta...me salta á boca, mesmo que algumas vezes eu mesma julgue desnecessário. Depois é aguentar... =O
Nane
Nane, a experiencia empírica me diz que há coisas que mesmo tu não queres saber..ou contar. A verdade é que cada um lida com a sinceridade do seu jeito, com uma perspectiva egocentrada, a visão do que "eu faria na mesma situação". Logo, a recepção dessa mesma sinceridade torna as relações em algo altamente volátil...penso eu. :)
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